Rodrigo Watson

Gosto muito de filmes cheios de simbolismo e abertos á diferentes interpretações. Filmes como Mãe! do Aronofsky, diretor de Cisne Negro, causam estranhesa e confusão do começo ao fim... ou aqueles simplesmente difíceis de acompanhar, mas que como filosofia fazem perfeito sentido, como 'A Origem' ou 'Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças'. Em I'm thinking of ending things, o objetivo era mostrar que tudo está aberto á nossa absorção e interpretação. .. o que vemos passa pelo nosso crivo emocional e memória para se tornar nosso de alguma maneira. NO filme, o efeito emocional de algo chega antes de entendermos sua causa ou sentido.. ficamos quase o tempo todo ansiosos, numa tentativa de mostrar que a existência das outras pessoas é inconveniente á nossa, onde vivemos num puro narcisismo. Pequenas inconsistências propositais como mudanças de roupa e falas como num momento que lucy diz nao se interessar por poesia, e logo depois citar, de cabeça, uma passagem longa e profunda, aumentam a sensação de suspense pela incerteza de suas próprias premissas. Ja o protagonista, que vai e vêm de sua vergonha e orgulho de ser inteligente, culminando numa possivel passagem pela sua propria mente (capaz de ser o filme todo) aceitando um prêmio nobel com todos os seus conhecidos na plateia, tem suas próprias inseguranças como filho e namorado. Não me chateia ou aflige a estranhesa, o simbolismo ou a subjetividade... Só que esses mesmos efeitos poderiam ter sido atingidos com um catado de coisas aleatórias, e penso que foi isso que acabei de assistir. Ser aberto á interpretações ou instigante à reflexões não deveria ser desculpa pra ser ruim, se não fica fácil. A total falta de química entre os atores é apenas um bônus aos diálogos nada estimulantes e narrativa inexistente. 2 horas da minha vida que nunca mais vou recuperar. Penso que são daqueles filmes de tcc de faculdade de cinema, ou para eles assistirem entre sí, atores, diretores e roteiristas fingindo que gostaram pra se sentirem agrupados.. poupem-se dessa tortura, a qual críticos profissionais e o pessoal ansioso pra se achar inteligente vão relutar em dizer qualquer coisa negativa. É até paradoxal achar tão ruim e vir aqui postar algo sobre... mas que de fato, foi estimulante de algumas formas.. a principal foi tentar entender os sentidos para processar por que achei tão ruim.