(comentário referente aos 5 primeiros episódios)
Acho que se o Dan Harmon escrevesse The Boys sairia algo como isso aqui. A autoconsciência de gênero entra menos como o mediador de um tom mais sério pras arestas dramáticas, e mais como exploitation abertamente espirituoso. Aliás, o primeiro episódio lida muito bem com uma noção de expectativa e com o uso da violência. A coisa segue um tom bem genérico até, no episódio todo praticamente (o drama clássico do protagonista "late bloomer", a jornada james grayiana em busca do reconhecimento paternal) mas aqueles minutos finais acabam compensando tudo. Desde a contextualização despretensiosa de alguns dos heróis (Red Rush e como seus poderes o afetam em uma questão intimista) até o momento em que Omni-Man vêm basicamente do nada - aliás, cena muito bem "decupada", Red Rush correndo em câmera lenta em um plano frontal, depois os dois em perfil (Red Rush e o herói que ele corre pra salvar) enquanto Omni-Man vai gradativamente ganhando forma ao fundo e passa no meio dos dois -, os socos de Red Rush no peito do personagens, em câmera lenta, enquanto este esmaga seu crânio com as mãos, Red Rush tentando o mais rápido que pode superar uma inferioridade fÃsica. Essa questão toda da violência na verdade é levada mais pra frente. Poderia ser pra criar um ganho nesse primeiro, mas a coisa toda é assumida mesmo como um componente implÃcito na dinâmica dramática. Quando a coisa atinges nÃveis grotescos, o mesmo se diz por sua referente situação dramática, essa decadência material que pontua os momentos do drama. Queria desenvolver mais algumas ideias sobre relação de classes e uma suposta jornada polÃtica - envolvendo principalmente Omni-Man e Mark - mas acho melhor pelo menos terminar essa primeira temporada antes de desenvolver melhor.