A escala e a paixão com que este filme foi feito trespassa os nossos sentidos a cada frame, a cada segundo, a forma como a fotografia e o som nos esmagam por completo, a maneira como somos transportados para este universo e por duas horas e meia sentimos que fazemos parte desta história épica e eterna sobre o poder da religião, a generosidade da humanidade e as lágrimas do destino. Aquela personagem, simbólica e icónica, de Lawrence da Arábia a Spartacus, de Nelson Mandela a Jesus Cristo, Paul Atreides (Paul Muad'ib) é a metáfora final e absoluta do lÃder inspirador e altruÃsta com que o povo do planeta terra sonha deste há milénios, o homem que corta com o presente e nos devolve a verdadeira liberdade, o sentido do amanhecer como uma promessa: a palavra de Deus. O homem que é apenas um sÃmbolo e que por isso se transcende, se sublima na figura mÃtica do reino dos sonhos e das visões, tal como ele próprio se vê a si mesmo numa premonição sombria da cruzada em seu nome. Um filme feito com um respeito e um amor por esta arte total que é o cinema que a mim me comove e arrebata por completo. Quem por isso ama o cinema, a fotografia, o som, a literatura, estas histórias eternas que nos fazem maiores do que nós próprios, quem não consegue ficar indifrente perante a arte quando nos é servida aos sentidos desta forma única, vai percorrer as areias de Arrakis comigo, sem nunca esquecer contudo que o medo...o medo é o assassino da mente.