Crazy World

O Homem Morcego volta para telas, desta vez com uma abordagem diferente, muito mais próxima ao detetive da noite que vemos em muitas hqs clássicas do herói. Bruce Wayne está em seu segundo ano como Batman, e ainda está se encontrando como um herói. Este conflito pessoal se expande e cria a trama, com vilões que aproveitam desta questão existencial do protagonista. O diretor Matt Reeves entrega um filme noir muito bem produzido, com uma Gotham City muito bem caracterizada, acredito ser a mais fiel e melhor em todos os filmes já feitos do herói. Os atores entregam bem seus papéis, Robert Pattinson e Paul Dano entregam seus personagens muito bem, assim como Andy Serkis e Colin Farrell, que rouba a cena como Pinguim. Em geral, as atuações do elenco resolvem bem o propósito, e seguram a atenção do público. Minha única insatisfação com o filme é sua duração arrastada. Isto não estraga a experiência, mas os últimos 30 minutos aparentam ser um encaixe para um público que busca ação, não acrescenta muito para uma conclusão, e deixa aquele sentimento de cansaço, pela forma como a história se transforma. De qualquer forma, The Batman é um ótimo filme para os fãs, diverte e empolga em diversos momentos, e insere uma nova era promissora para o cavaleiro das trevas.

Imagino que seja difícil adaptar obras de terror clássicas, focadas em efeitos práticos, em uma era de tanto CGI e artificialidade. E posso dizer, que apesar disso, achei Hellraiser um filme interessante e bem produzido pela equipe criativa. A história reinventa o clássico, expondo uma protagonista problemática e perdida, com seus problemas e vícios. Todos os personagens deste filme não são admiráveis. O diretor mostra a natureza dos personagens de Clive Barker, em uma pegada realista sobre a humanidade e seus desejos obscuros. Mas isso não quer dizer que exista muita profundidade, longe disso. Muito dos relacionamentos dos personagens acabam repentinamente e sem impacto. Os antagonistas, liderados pela "Pinhead Lady" são interessantes e assustadores, seguem a pegada visual do primeiro filme, mas trazem elementos novos bem grotescos e marcantes. E apesar da explicação e consequências do filme, nota-se o empurrão para continuações. Muita coisa deixa explicito os planos para futuros filmes e poucas conclusões em relação aos protagonistas. Mas no fundo, ainda falta algum elemento para deixar a obra marcante. Talvez as soluções contra os vilões não sejam tão convicentes... a obra precisava de mais material para "encorpar". Fora alguns leves escorregões, Hellraiser entrega uma obra divertida, com pequenas conclusões, mas grandes planejamentos futuros, com o intuito de trazer sucesso para uma franquia esquecida e com continuações de péssima qualidade.

Bom, eu acho que eu também tenho culpa em filmes desse nível asqueroso de qualidade existirem. Nós paramos o nosso tempo pra assistir obras como essa, e ajudamos os produtores a ganhar dinheiro e relevância. Terminando o filme, eu cheguei a conclusão que tudo que havia visto foram quase 2 horas de uma história sem pé nem cabeça, com personagens e motivações dementes, uma montagem de filme abismal, que questiona se realmente existiu um planejamento e coerência para todo o conteúdo. É surreal, tiveram pelo menos 8 vezes durante Halloween Ends em que questionei mentalmente porque esta porcaria existe... o próprio Michael Myers se esconde no filme, se torna coadjuvante, e parece até uma piada subliminar, da vergonha ridícula que o personagem anda passando nesta nova trilogia. Que bom que chegou ao fim... que seja permanente agora (eu sempre falo isso das franquias, mas sei que em alguns anos eles recriam, com ideias muito piores, provavelmente). E me desculpe a atriz Jamie Lee Curtis, e todos os envolvidos e produtores, mas este filme é um trabalho vergonhoso e de mal gosto, de uma franquia que se tornou uma piada, a única coisa que faz sentido é a música característica do personagem de John Carpenter. Uma pena como tudo no cinema se degrada e apodrece nesses tempos atuais... triste!

Pela primeira vez, assisto há uma adaptação de um livro japonês no cinema, que assemelha totalmente a um anime! Trem-Bala para mim, é o que toda adaptação para live-action de animações japonesas deveriam ser. Brad Pitt é literalmente um personagem de shounen neste filme. Ele interpreta todos os trejeitos de humor, heroísmo e inocência, mas ao mesmo tempo é um protagonista perigoso e experiente, que busca redenção e terapia cognitiva para se tornar uma pessoa melhor. É incrível como o ator entrega o personagem de forma leve e natural. A história também segue uma trama de reviravoltas e personagens interessantes, que vão se entrelando conforme as coisas vão acontecendo. A continuidade do filme mantém a energia lá em cima, e em nenhum momento o filme entrega algo desinteressante ou que arrasta a trama principal. Com muitas caras conhecidas e atores carismáticos, Trem-Bala se tornou pra mim a melhor adaptação de uma obra japonesa por hollywood, com um roteiro bacana e uma direção divertida e surpreendente. 100% recomendo para fãs de anime e ação desvairada!

A Fera entrega um bom filme, do gênero "Monstro", e prova que nem sempre a história tem de ser complexa e com grandes pretensões, nem ideais e pontos políticos. Sinto saudade dos filmes serem mais simples e divertidos como este. A mensagem, apesar de simples, é pontual ao mostrar que o homem desafia e desrespeita a natureza, e como ela devolve com raiva e vingança este desequilíbrio. O filme me lembrou "A Sombra e a Escuridão", outra obra que retrata leões que caçam humanos, mas A Fera segue outra linha, algo mais "familiar", digamos assim. É sempre bom ver Idris Elba nas telas, sempre mandando muito bem e com muito carisma, e com grande suporte de Sharlito Copper, faz você se importar com os personagens e com toda tensão que a trama desenvolve. Existe, claro, aqueles problemas e clichês que existem com roteiros hollywoodianos, mas nada que estrague a experiência. Pra finalizar, parabéns ao diretor, pela beleza ímpar da África, tanto natural quanto cultural, e para mim, representatividade e valorização racial é isto.

Taika Waititi resolveu assumir a galhofagem, e fez de Thor: Amor e Trovão um filme de besteirol e claramente superficial de propósito. Difícil defender um filme como este. Não pela comédia em si, pois a Marvel transformou o personagem de Thor, para um lado totalmente cômico, sendo o oposto dos quadrinhos. O problema está no roteiro bizarro, com soluções e caminhos totalmente sem construção e sem coerência, claramente feito para crianças ou para uma sessão da tarde. Os heróis apresentam lugares e situações grandiosas, sem o mínimo impacto ou sentido. A busca pelos deuses? Sem impacto. O vilão que sequestra crianças? Sem impacto. A doença de Jane e o retorno do Martelo? Sem impacto. Ao invés disso, o diretor prefere fazer armas com sentimento e ciúmes, diálogos engraçadinhos a cada 15 minutos... gera um pouco de vergonha alheia pelo Deus do Trovão. O vilão Gorr tinha potencial, mas como todo o filme, acaba sendo somente escada para um final que constrói coisas e novos objetivos pata o Thor, que no meu ponto de vista, não faz sentido para o personagem. Quando terminei de assisti, achei tudo muito estranho. Nada se encaixa, parece tudo uma grande brincadeira ou jogo. Engraçado como a figura do herói e sua jornada hoje em dia, seja algo tão desinteressante e bobo.

Jordan Peele é um nerd degenerado, e Não! Não Olhe! é sua obra que expõe seu amor pelas animações japonesas. Desde Akira até Evangelion, o diretor explora características do mundo J-Pop com seus personagens e trama que sai do clichê experado, para algo muito mais esquisito e interessante. E a graça está nas referências e ligações, mesmo tendo suas críticas sociais, elementos raciais e posição sobre o próprio público que consome seus filmes. Até aonde, na visão do autor, as pessoas são capazes por fama, reconhecimento e auto-promoção na internet? Nem mesmo uma criatura cósmica é capaz de impedir esta obsessão do ser humano em se sentir importante na sociedade. O diretor também atinge essa crítica, na história paralela entre o homem e o macaco, após o desastroso ataque em um show de programa. E mesmo com o trauma, o personagem acredita ser um escolhido, pelo próprio destino, e assume um papel de poder em cima da vida selvagem, seja ela qual for. É mais uma vez, a prepotência da raça humana em seu próprio ego se torna verdadeira. O filme, realmente é uma experiência estranha, mas muito bem realizada, com alguns momentos arrastados, e que definitivamente não busca um público mimado com os costumes de hollywood e seus blockbusters. Jordan Peele conseguiu mais uma vez, trazer ideias e conceitos conhecidos, e subvertê-los aos seus próprios ideais e fanservices.

Finalmente! Depois de sofrer muito com sequências ruins, meu personagem favorito do mundo do cinema voltou triunfante e brutal! O novo filme do Predador é incrível. Prey traz de volta a essência da caça, mostrando uma história mais minimalista, mas com uma profundidade digna. Naru, a protagonista, se desenvolve como guerreira ao longo do filme, enquanto o caçador alienígena descobre quais presas são as mais perigosas, estando pela primeira vez no planeta Terra. E a jornada do herói aqui segue a risca esperada, como todo roteiro seguro dos filmes, um mentor, sendo o irmão habilidoso, alguns vilões secundários, que acabam servindo como elementos de matança para o Predador. As cenas de batalha são incríveis, e conseguem demonstrar o nível de ameaça do monstro. O final é um dos pontos fracos do filme. Falta ousadia e criatividade em talvez criar um cenário ou conclusão mais inovadora. Mas, este tipo de escolha criativa talvez seja arriscada, na visão dos produtores em relação ao público em geral. Enfim, recebemos uma continuação de qualidade do caçador alienígena, e com todo sucesso e boas avaliações, o futuro parece promissor novamente para meu querido Predador!

Resident Evil. Franquia que sigo desde criança no primeiro playstation. Zumbis, mansão, policiais aterrorizados, criaturas mutantes, experiências aterrorizantes. E desde então sequências foram feitas nos jogos, com um declínio de qualidade. Produtores tentando se adaptar ao padrão atual e uma nova geração de jogadores. E depois de tanto lixo e desrespeito no mercado do cinema com a franquia, eles resolveram ampliar o vexame e o mal gosto criando uma série. E nada é tão ruim que não possa piorar. Bom, vamos lá de maneira resumida: Roteiro inexistente, protagonistas ridículos, adolescentes idiotas, continuidade inconsistente, nada representa Resident Evil. Um amontoado de péssimas ideias, baseadas nos games, e realizadas da pior maneira possível. Duas linhas do tempo totalmente desinteressantes. Mais uma vez, descaracterização do personagem, Albert Wesker. Nos jogos é um maníaco psicopata com perfil praticamente nazista, megalomaníaco e em busca de uma raça superior. A mudança de etnia faz todo o sentido, ou é na realidade o cúmulo da idiotisse, pra justificar a agenda pseudo pró-social da Netflix? Finalizando, pois não aguento mais o que a Capcom está fazendo para lucrar porcamente com a maior franquia deles. Está na hora da franquia Resident Evil acabar. Vamos jogar os antigos jogos, se divertir com o material antigo, pois tudo isto que está sendo feito é uma ofensa ao material rico e personagens que a franquia tem. Chega de Resident Evil em filmes, séries... chega deste lucro sujo e caça níquel nojento.

Por um tempo fiquei temoroso em assistir Top Gun: Maverick, após tantas frustrações com franquias sendo revividas depois de muitos anos. E ao terminar de ver o filme, notei meu sorriso e satisfação ao sair do cinema. Faz tempo que um filme blockbuster me prende na cadeira, pelo simples fato de divertir. Seja com as cenas de ação frenéticas e caças se enfrentando, ou pela fotografia e edição fantástica que o filme apresenta. A obra equilibra momentos de maneira exemplar. Seja amarrando laços entre os personagens e o filme anterior, criando rivalidades e resoluções, até mesmo em momentos bregas para interligar ao clima oitentista do primeiro filme. A direção de Kosinski é objetiva e não deixa a peteca cair, com sequências que se desenrolam com fluidez, sem deixar o clima do filme esfriar. Tom Cruise entrega um trabalho excelente, com uma bonita homenagem ao ator Val Kilmer, assim como todo elenco que se esforça para deixar a aventura com muito mais peso e emoção. É percepitível o esforço dos produtores com o filme e com as cenas incríveis dos caças em ação, e com esta qualidade, não me cansaria de ver sequências tão boas quanto esta. Top Gun: Maverick para mim, é o melhor filme de 2022 até agora. Super recomendo!