Oh, é um clássico! Oh, é uma pérola! Aà você vai, assiste e percebe que não é bem por aÃ. As pessoas costumam comentar lugares óbvios sobre esse filme: a qualidade de áudio, de som, os efeitos... Mas para mim o que restou óbvia mesmo foi a dinâmica das relações na narrativa. O garoto caipira que ajuda o tio na colheita (colheita de quê no meio do deserto é que ninguém sabe dizer). As relações patriarcais e extremamente conservadoras à mesa entre o tio de Luke, o próprio Luke e sua tia (a mulher servindo o café, o homem da casa tomando todas as decisões sem contestação...). O filme é de 1977, a Guerra do Vietnã terminou em 1975, mas esse filme é uma ode à guerra em geral, aos jovens que foram lançados à batalha e à morte sem qualquer preparo. Esse filme é uma das produções feitas pela indústria cultural para "aplacar" os afetos contrários à guerra e fazer um elogio a uma entrega quase suicida dos milhares de jovens mortos. Embora não se faça referência de forma proposital a quem é o "Imperio", pela cor dos uniformes, pelo desenvolvimento em armas destrutivas e pelo contexto, fica clara a primeira referência (Guerra Fria). Há quem diga que a história seja narrada pelo ponto de vista dos rebeldes. Mas qual a diferença entre esses rebeldes e o chamado "Império"? Na prática, nenhuma. Basta ver uma das últimas cenas do filme, em que Luke e Han Solo são "homenageados" com todas as honras militares (se combate um império para se instalar ou reinstalar um outro igual). Todo o filme é permeado pela linguagem militar, uma verdadeira ode à guerra, ao combate, à lógica do inimigo, ao patriarcalismo e por que não, ao conservadorismo... já que tudo muda, para que tudo continue como sempre foi....