No geral, gostei do filme, que se salva pelas boas interpretações dos atores e boas reflexões que provoca acerca da condição da mulher na sociedade francesa altamente patriarcal, xenófoba e misógina do final do século 19 e inicio do século 20, questões que, em certos aspectos, ainda permanecem no mundo contemporâneo. Marie Curie, imigrante polonesa, cientista brilhante, foi uma mulher muito à frente de seu tempo, com uma vida extraordinária, que merece e precisa ser contada. Penso, todavia, que não ficou muito bem resolvida, no roteiro, a forma como mesclam o presente das descobertas científicas de Marie Curie sobre a radioatividade, com o futuro do seu uso e suas consequências benéficas e maléficas para a humanidade. A ideia é boa, mas, na minha percepção, a realização do roteiro, consequência da má direção, deixou a desejar, por criar uma “barriga” desnecessária no fluxo da narrativa, além da percepção de que as inserções não se encaixavam na sequência, parecendo meio “forçadas”, acrescidas de certo tom melodramático, também desnecessário. E ao tentarem ‘amarrar” tudo no final, me pareceu que ‘a emenda ficou pior que o soneto’, conferindo certa pieguice que destoa da personalidade forte, pertinaz e combativa de Marie Curie, muito bem retratada pela interpretação brilhante da atriz Rosamund Pike. Para uma ópera, talvez, a pieguice melodramática fosse perfeita, mas para a cinebiografia de uma mulher do naipe de Madame Curie, é exagerada! Nada, porém, que tire o mérito da obra, de sua boa intenção de contar bem uma história. Vale a pena assistir, mas sem grandes expectativas!