Life is Strange: Double Exposure - Uma Sequência Que Perde a Alma da Série
A série Life is Strange sempre se destacou pela forma profunda e sensÃvel como aborda temas complexos como saúde mental, perda e sacrifÃcio, construindo relações memoráveis entre seus personagens. Double Exposure traz de volta Max Caulfield, agora adulta - uma personagem mais madura que carrega os traumas das decisões tomadas em Arcadia Bay. A protagonista continua sendo o ponto alto do jogo, mantendo seus diálogos caracterÃsticos, humor peculiar e introspeções cativantes, beneficiando-se ainda da excelente performance vocal de Hannah Telle.
No entanto, o jogo tropeça significativamente no desenvolvimento das relações entre personagens, especialmente na dinâmica central entre Max e Safi, que se nota o esforço para ser o coração emocional do jogo, mas falha em consegui-lo. Apesar de personagens como Safi, Moses e Gwen não serem unidimensionais, suas interações com Max carecem da profundidade e naturalidade que era marca registrada da franquia. A própria Safi sofre de inconsistências marcantes no desenvolvimento de seu personagem, alternando abruptamente entre um espÃrito relaxado e divertido inicial até momentos de histeria e violência desproporcionada, tornando suas reações pouco credÃveis e por vezes infantis. E o que dizer de Amanda, a personagem que o jogador tem de escolher flertar ou não ainda antes de interagir com ela, e que tem um impacto 0 na história toda?
Particularmente decepcionante é a forma como o jogo lida com o legado dos personagens anteriores. O aparente apagão da Chloe na vida de Max, a falta de comunicação significativa com Joyce, Warren, Kate ou mesmo os próprios pais da Max - todos reduzidos a breves menções (ou nenhuma!) em mensagens de texto - representa um desrespeito ao peso emocional que estes personagens carregavam na narrativa original.
O enredo apresenta algumas ideias interessantes e criativas mas o ritmo irregular acaba por as comprometer. Enquanto alguns momentos cruciais são apressados ao ponto de comprometerem a credibilidade das ações dos personagens, outras seções se arrastam desnecessariamente. O episódio 4 é particularmente problemático neste aspecto, condensando desenvolvimentos importantes de forma pouco natural e forçada. E o episódio 5 parece apenas um filler aborrecido, previsÃvel e expositivo, depois de praticamente tudo ficar resolvido no apressado episódio 4.
O aspecto técnico emerge como um dos pontos positivos: os cenários e gráficos são impressionantes, mesmo que algumas referências ao primeiro jogo pareçam mais fan service do que elementos organicamente integrados à narrativa. A trilha sonora é competente, mas não alcança o mesmo nÃvel memorável de seus antecessores.
Pontuação
Enredo: 6/10
Personagens: 6/10
Diálogos: 7/10
Ambiente: 8/10
Ritmo: 5/10
Criatividade: 7/10
Veracidade: 5/10
Nota Final: 6/10
Conclusão
Double Exposure é uma experiência agridoce - reconhecÃvel em sua superfÃcie, mas carente da profundidade emocional que definiu seus predecessores, deixando uma sensação de oportunidade perdida.