CAOCA CRUZ

Tem certas coisas que é melhor deixar na memória pois ao tentar revivê-las corre-se o risco de tirar o brilho e a grandeza que houve no passado. Pois torna-se inevitável as comparações, a ansiedade de saber se será igual ou melhor e por aí pra frente. Eu até hoje assisto a primeira versão e sorrio das mesmas piadas. Na nova versão eu fui com uma boa vontade danada pra sorrir, dos causos de Chicó, das trambicagens de João Grilo… olha eu não sorri não. O Ariano Suassuna tem um baú inesgotável de “causos” engraçados de verdade, era só ter aberto. A trilha sonora nordestina, outro ponto forte da primeira versão, que acompanhava o ritmo frenético das ações hilárias, desta feita foi melancólica beirando a tristeza e causando tristeza a quem como eu foi assistir pra rir. Muito flashback e retóricas a primeira versão, o que acentuou mais ainda o quanto a primeira versão foi inesquecível e a segunda algo a se esquecer. Quanto às interpretações… os atores principais não são mais engraçados e ficou imensamente visível a diferença de talento entre Fernanda Montenegro e Thais Araújo. Na intenção de valorizar a amizade, denúncias mazelas sociais e políticas… esqueceu-se do riso. Eu invoco como João Grilo e recorro a Nossa Senhora pra que não haja uma terceira versão e como penitência, continuem reprisando a primeira versão que nos deu tanta alegria. Peço escusas aos atores, diretores, produtores e demais envolvidos na produção. Mas deixem na memória aquela velha estória… que poderia não ter esse fim… se tão cagando pra minha opinião… não se ofendam por mim… só sei que NÃO foi assim. CAOCA X